quinta-feira, 16 de setembro de 2010

10 ANOS ATRAS A INTRODUCAO DE UM PROJETO SOBRE JIU-JITSU

O Jiu Jitsu nasceu na Índia. Os monges budistas necessitavam percorrer longas distâncias para propagarem sua fé. Já naquele tempo, havia grande quantidade de bandidos e ladrões. Para se defender desses agressores, e por não poderem portar armas que iriam de encontro à sua crença religiosa, os monges criaram a mais completa e eficiente arte de defesa pessoal de todos os tempos: o Jiu Jitsu que é composto por 113 estilos, dos quais somente 64 são conhecidos em nossos dias.
Foi introduzido no Brasil pelo conde Koma que chegou a Belém do Pará em 1914 e conheceu Carlos Gracie. Apesar de ser proibido o ensino do Jiu Jistu aos ocidentais, Koma ensinou a Carlos Gracie na condição de ser mantido em segredo o que lhe seria ensinado. Entretanto, o fascínio pela arte foi tão grande, que Carlos ensinou a seus irmãos e começou a dar aulas de Jiu Jitsu. Hélio Gracie, com o tipo físico mais fraco dentre os irmãos Gracie, passou a assistir as aulas de Jiu Jitsu ministradas por seu irmão e adaptou as técnicas ao seu porte físico. Foi a partir daí que nasceu o Jiu Jitsu Brasileiro, aprimorado no Brasil pela família Gracie e respeitado mundialmente por sua técnica e eficiência.
As artes marciais, como um todo, trabalham corpo e mente. É nesse dueto que reside toda a importância e a justificativa pela qual incentiva-se tanto a pratica das artes de defesa pessoal. A famosa frase: “mente sã, corpore sano”, traduz bem o espírito embutido da cultura oriental. Por que não desenvolvermos a nossa cultura, extraindo as coisas que nos parecem boas? Estamos falando de uma cultura milenar e que merece todo o respeito. Acredito que podemos evoluir também e caminhar com nossas próprias pernas. Apesar da pouca idade, pouco mais de 500 anos, e da frase contida em nosso hino: “... deitado eternamente em berço esplendido...”, penso que está na hora de levantar e começar a caminhar sozinho. O Brasil é um povo admirado mundialmente em outras áreas, como por exemplo: o carnaval. Esta festa que é visitada anualmente por milhares de estrangeiros, e que relatam a alegria e as qualidades de nosso povo como: calor humano, alegria de viver, beleza, etc. Somos admirados também por nosso futebol penta campeão, que revela craques como Ronaldo, Robinho e Diego. Acredito poder ser admirado também por transformar o Jiu Jistu em uma arte marcial eficiente e bem vista aos olhos de todos. Seria motivo de orgulho para todo o povo Brasileiro.
O culto ao corpo é algo que se tornou parte da vida de milhões de jovens e adultos. A procura por um corpo mais equilibrado e saudável é louvável. Entretanto, o exagero com que os jovens procuram o corpo perfeito e musculoso, para não usar a linguagem dessa tribo: grande ou gigante, tem levado a caminhos distorcidos. O papel dos verdadeiros mestres é orientar os discípulos a seguir o caminho certo. Existem sempre dois caminhos, o mais curto geralmente deve ser evitado.
O verdadeiro espírito do Jiu Jitsu é exposto nesta obra na intenção de que todos possam entender melhor o significado das palavras: disciplina, respeito e humildade. Não apenas o significado, mas a importância de vivenciar diariamente essas três palavras, tão esquecidas, mas que fazem tanta diferença.
A busca pelo conhecimento é perseguida nos dias atuais. Que conhecimento é esse? Geralmente o conhecimento que gera poder. O conhecimento que produz riquezas. Esquecem-se os desbravadores capitalistas que a maior riqueza é a que se encontra dentro de cada pessoa. Essa riqueza começa a ser construída a partir do auto conhecimento. Do que se é capaz e do limite de cada um. Só você mesmo pode alcançar esse conhecimento.
O medo é um sentimento normal e necessário. Ele existe para preservar as espécies. Os animais também possuem o medo. Sem esse sentimento, muitas espécies poderiam estar extintas. Quem sabe até a espécie humana. Quando se propõe a realizar alguma coisa, deve se aprender a controlar o medo, pois quem teme perder ou fracassar, já está vencido.
Os jogos olímpicos são realizados de quatro em quatro anos. Para ser o numero um é necessário treinar, treinar e treinar mais ainda. Em outras palavras, é preciso atingir a perfeição naquilo que se propõe a fazer. Isso pode ser estendido para todas as áreas, até mesmo para os relacionamentos pessoais. Por que somente algumas pessoas conseguem atingir a perfeição e outras por mais que se esforcem não? Talvez a frase a seguir possa servir de reflexão: “Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo humildade”.
Todo aprendizado é penoso. Se não fosse assim, por que dar tanta importância ao conhecimento adquirido? Enquanto pensar que sabe fazer algo, que é o melhor naquilo que faz e gabar-se de teus feitos, é sinal de que muito ainda tem para aprender. Entretanto, quando verificar com tristeza que não sabe nada é sinal que terá feito teu primeiro progresso no aprendizado.
As competições são inerentes aos esportes. As competições são importantes ao esporte capitalista. As competições produzem o vencedor, o perdedor e os milionários. Elas mechem com o ego das pessoas e isso explica o fanatismo das torcidas por seus times, pois se realizam através deles quando vencedores e tem a auto estima reduzida quando são derrotados. As artes marciais não deveriam ser tratadas como esporte, até por que não o são. Não faz parte da filosofia das artes marciais orgulhar-se por ter vencido o adversário, pois a única vitória que perdura é aquela que se conquista sobre a própria ignorância. Mais além, o lutador não se aperfeiçoa para lutar, mas luta para se aperfeiçoar. Esse é o verdadeiro espírito contido no pacote arte marcial, mas que poucos conseguem enxergar ao abrir, pois dentre tantas maravilhas nem sempre a mais visível é a mais importante.
O aprendizado pode vir de maneiras diferentes para pessoas diferentes. A inteligência também se manifesta diferentemente nas pessoas. Cada pessoa possui sua própria inteligência. Essa diferença é realmente fascinante. Mesmo considerando as diferentes formas de inteligência, o lutador de Jiu Jitsu deve possuir inteligência para compreender aquilo que lhe ensinam. Não apenas aprender, mas paciência para ensinar aquilo que lhe foi ensinado e, sobretudo fé para acreditar naquilo que lhe não compreende.
A visão distorcida das artes marciais é a de que os verdadeiros artistas marciais devem ser capazes de derrotar os demais. Devem ser pessoas invencíveis. Essa visão distingue o vencedor e o perdedor. Esquecem das pequenas coisas que fazem a diferença. Esquecem o significado de duas palavras: aprendizado e finalidade. Saber a cada dia um pouco mais e usa-lo para o bem, esse é o caminho dos verdadeiros lutadores de Jiu Jitsu.
Praticar Jiu Jitsu é ensinar a inteligência a pensar com velocidade e exatidão, bem como o corpo a obedecer com justeza. O corpo é uma arma cuja eficiência depende da precisão com que se usa a inteligência.
Apesar de importado, foi aqui no Brasil que o Jiu Jitsu, foi aperfeiçoado. Devemos nos orgulhar e trabalhar para engrandecer essa arte. Assim como os Coreanos enaltecem o Taekondo, os ingleses o boxe, deveríamos começar trocando o termo Brazilian Jiu Jitsu para Jiu Jitsu Brasileiro.


Author = Luis Barros (Ceara)

Um comentário:

Eduardo Alexandre Machado disse...

Embora o Luis tenha escrito sozinho o texto, expressa minhas opinioes em sua integra. Parece ateh que esvrevemo juntos.